sábado, 5 de maio de 2012

TRÓPICO ÚMIDO/Zenaldo Coutinho, da Frente Parlamentar da Amazônia, apresentará trabalho em defesa dos povos da Hileia na Rio+20



Ver-O-Peso, acrílica sobre tela de Olivar Cunha. Trata-se do mais expressivo
cartão postal de Belém do Pará, a Cidade das Mangueiras, Portal da Amazônia


RAY CUNHA


BRASÍLIA, 5 de maio de 2012 – Povo e Floresta: Amazônia Sustentável é um seminário internacional que será realizado pela Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo, dia 30 de maio, uma quarta-feira, no Auditório Antônio Carlos Magalhães, do Senado Federal, das 14 às 18 horas. O seminário, que será acompanhado por diplomatas de vários países que acompanham a chamada questão amazônica, especialmente a Noruega (que já doou US$ 94,4 milhões para o Fundo Amazônia, “operado” pelo BNDES), enfocará cinco temas básicos: Defesa do meio ambiente e qualidade de vida; Ciência, tecnologia e identificação de modelos sustentáveis e financiamento (Fundo Amazônia); PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Amazônia; Programa Amazônia Sustentável; e Programa Municípios Verdes. O resultado dos trabalhos será apresentado na Rio+20 pelo presidente da Frente Parlamentar, deputado federal Zenaldo Coutinho, do PSDB do Pará.

No seu conceito, sustentabilidade significa que os recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, preservando-se, assim, o meio ambiente, de modo que se não considerar-se a questão social, não há sustentabilidade, pois é preciso respeitar o ser humano para que este possa respeitar a natureza. Enfim, para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que seja ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente diverso. Conclusão: o homem é a parte mais importante do meio ambiente.
Menos na Amazônia. Se um caboclo for flagrado matando jacaré, será preso; se um jacaré for visto comendo um caboclo, engordará. Sempre que Brasília e o Sudeste falam em Amazônia sustentável referem-se tão somente à floresta tropical e nunca aos amazônidas, especialmente índios, ribeirinhos e quilombolas. De modo que a Amazônia, ex-colônia de Portugal, continua sendo tratada pelo estado brasileiro como produtor de energia elétrica, e por países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão e China, por exemplo, como reserva extrativista. O amazônida que se lasque.
Sustentável vem do latim sustentare (sustentar, defender, favorecer, apoiar, conservar, cuidar). O conceito de sustentabilidade nasceu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment-Unche), realizada em Estocolmo, em 1972, a primeira conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e primeira grande reunião internacional para discutir as atividades humanas em relação ao meio ambiente, lançando as bases das ações ambientais em nível internacional. Embora a expressão "desenvolvimento sustentável" ainda não fosse utilizada, já se observava a necessidade de "defender e melhorar o ambiente humano para as atuais e futuras gerações", objetivo a ser alcançado juntamente com a paz e o desenvolvimento econômico e social.
Na ECO 92, a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, é que o conceito de desenvolvimento sustentável se consolidou, de modo que se pode dizer que a mais importante conquista da Eco 92 foi colocar os termos “meio ambiente” e “desenvolvimento” lado a lado. Agora, 20 anos depois, o Rio de Janeiro voltará a sediar a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio+20, de 13 a 22 de junho, quando a ONU reunirá cerca de 150 chefes de estado para visualizarem mecanismos que tornem o conceito de desenvolvimento sustentável uma prática, abordando dois temas principais: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
É nesse contexto que a Amazônia se torna protagonista, pois estudos revelam que sua conservação é fundamental para o equilíbrio climático do planeta, especialmente o ciclo de chuvas que ocorrem no Brasil. E para que a maior floresta tropical do mundo seja conservada é necessário, em primeiro lugar, que os povos que nela vivem recebam todas as condições dos governos federal, estaduais e municipais para se tornarem prósperos e, assim, preservar seu meio.
Segundo a Wikipédia, a Amazônia é uma floresta úmida que cobre a maior parte da Bacia Amazônica, na América do Sul, com 7 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 5,5 milhões cobertos pela floresta - 60% no Brasil. A Amazônia representa mais da metade das florestas tropicais do globo, a maior biodiversidade do mundo e 16% da água dos rios do planeta. Tem mais ouro do que o lastro americano, mais diamante do que a África do Sul e metais estratégicos, como nióbio. É, de longe, a maior mina biotecnológica do mundo, mas a Amazônia brasileira inteira conta com menos pesquisadores do que a Universidade de São Paulo (USP).
Contudo, como ocorre em qualquer nação, a maior riqueza do subcontinente amazônico é sua cultura, que está no DNA do caboclo: a língua portuguesa enriquecida com o tupi e línguas africanas; sua literatura; sua culinária; seu folclore; suas manifestações artísticas; a floresta; o sol equatorial; a música, que se abebera no Caribe; os rios e peixes; a Amazônia Azul.


A Amazônia é dos brasileiros


Em uma universidade americana, o senador Cristovam Buarque (PDT/DF), ex-ministro da Educação, foi questionado por um estudante sobre o que ele pensava como humanista sobre a internacionalização da floresta amazônica. Cristovam deu uma resposta categórica:

“De fato, como brasileiro, eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

“Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tenha importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem estar da humanidade quanto a Amazônia para nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.

“Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

“Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar este patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, ser manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou país. Não faz muito um milionário Japonês decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disto, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

“Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos nas fronteiras dos Estados Unidos. Por isso, eu acho que Nova York, como sede nas Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda humanidade. Assim como Paris, Roma, Veneza, Rio de Janeiro, Brasília, Recife. Cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

“Se os Estados Unidos querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos Estados Unidos. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

“Defendo a intenção de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando esta dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de comer e ir à escola. Internacionalizemos as crianças, tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.

“Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!”

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